sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Sintep/MT divulga carta aberta à população sobre Dia do Estudante


Dia do Estudante é dia de reflexão sobre a qualidade na educação


O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) divulgou carta aberta à população com reflexões sobre o Dia do Estudante comemorado no dia 11 de agosto, sábado, conforme deliberação do Conselho de Representantes realizado nos dias 4 e 5 de agosto, na sede do sindicato, em Cuiabá.
Confira abaixo a íntegra da Carta Aberta.   


CARTA ABERTA

Dia do Estudante é dia de reflexão sobre a qualidade na educação
A Direção Central do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), com a aproximação do dia 11 de agosto, Dia do Estudante, vem a público manifestar sua preocupação com a qualidade na aprendizagem nas escolas públicas mato-grossenses. Vivemos em um Estado que cresce economicamente acima da média nacional, com altos investimentos nas obras da Copa do Mundo de 2014 e grandes intervenções nas malhas viárias de infraestrutura para favorecer o agronegócio e a agropecuária, atividades que afetam diretamente o meio ambiente e que quase não geram recursos para a implementação de políticas públicas como a Educação, por exemplo.
Essas atividades predatórias são responsáveis por parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) no Estado, mas há que se perguntar: quem é que tem se apropriado dessa riqueza? Com certeza, não é a maioria da população que sofre diuturnamente as consequências do descompromisso dos governantes.
O abandono das áreas de Educação e de Saúde é um exemplo claro desse descaso. No setor de Saúde, chama atenção a política de privatização e terceirização que começou com os hospitais regionais, passou pelos Prontos-Socorros e agora atinge até o Hemocentro. E o governo Silval Barbosa é uma mera continuidade da entrega de recursos públicos aos políticos e grupo econômicos sanguessugas como ocorria anteriormente.
O resultado dessa política desastrosa e desumana não poderia ser outro: atendimento insuficiente que levam em conta o lucro e não a necessidade do paciente e desassistência à população; farra dos serviços particulares dos planos de saúde, inclusive com escândalos de desvios de milhões de reais do MT Saúde, em que a Polícia Federal deve entrar na investigação para apurar as denúncias antes que sejam engavetadas.
Na área de Educação, a situação não é diferente em Mato Grosso. A política de isenção e renúncia fiscal do governo para favorecer aos grandes grupos
econômicos gera enormes desvios de recursos da educação do Estado e, por consequência, dos municípios.
Há muito a Educação em nosso Estado agoniza com a falta de infraestrutura adequada. Já estamos no mês de agosto e até agora as escolas receberam somente dois repasses bimestrais.  Um/a professor/a de Química e Física, por exemplo, não pode ministrar uma aula prática aos seus alunos porque não tem laboratório. E quando um laboratório começa a ser construído as obras se arrastam por meses e anos. Existe ainda um déficit de profissionais para ensinar e para garantir segurança e serviços essenciais de alimentação, manutenção e infraestrutura nas escolas. Parte significativa dos profissionais das nossas escolas é contratada temporariamente, enquanto centenas de classificados no último concurso público aguardam convocação para tomar posse.
Os salários dos profissionais da Educação com formação em nível superior são menores que os salários dos profissionais de outras carreiras com formação em nível médio. Em que pese ser um dos melhores salários do país, considerando a jornada de trabalho, é muito abaixo diante do qual o governo deveria pagar.
Se o governo investisse os 35% dos recursos, como prevê a Constituição Estadual, Mato Grosso poderia estar em um outro patamar de qualidade da Educação, com a melhoria da estrutura física das unidades escolares; escola de tempo integral, e valorização salarial dos profissionais que trabalham no setor.
As escolas sentem as exigências do tempo presente. Em um tempo em que
a tecnologia muda a vida do estudante e faz dele um ser de maior interação, nossas escolas sofrem com a falta de laboratório de informáticas e, quando existem, há os problema em relação ao número insuficiente de computadores por aluno; a falta de espaço para instalação do equipamento, rede de energia que não suporta as máquinas; falta de internet com banda larga e a carência de recursos na escola para aquisição de suprimentos.
Num tempo em que não é possível pensar um estudante nas escolas sem as
atividades complementares - o que exige pensar a Escola de Tempo
Integral -, em nossas escolas não conseguimos ir além do Programa do Governo Federal Mais Educação, que em muitas de unidades escolares ainda não iniciaram por falta de recursos para contratação precária de pessoal e de verba para alimentação dos alunos, dentre outras dificuldades.
Esta é a realidade de um Estado grande produtor do agronegócio e
da agropecuária, mas que os alimentos aqui produzidos, como a soja, têm
destino a alimentação dos animais nos países desenvolvidos. E, o pior, é que os impostos gerados aqui são ínfimos, em função da perversa política de incentivos e renúncia fiscal do governo. Essas atividades deixam um rastro de destruição da natureza e a população exposta às migalhas dos investimentos, como observamos também na área de segurança, em que a violência se alastra com uma média de quase dois assassinatos por dia.
No Dia do Estudante, o Sintep/MT chama toda a população
mato-grossense à reflexão sobre a falta de investimentos nas políticas públicas e, em especial, em Educação. A continuidade do descompromisso dos políticos vai gerar tragédias maiores dos que as que estamos vivenciando no país e no mundo afora. O que aconteceu em Cuiabá, na Escola Estadual Cesário Neto, há um ano, já sinaliza a consequência do que significa não dotar as escolas com as condições de infraestrutura, de pessoal e de projeto pedagógico, capazes de se antecipar e evitar estas tragédias.
A Direção Central do Sintep/MT reafirma: mais importante que todas as obras, a Educação é a obra mais importante da Copa em Mato Grosso. Sem aprendizagem de qualidade, não seremos vencedores no jogo da Cidadania.

Sintep/MT - Livre, democrático e de luta!


Fonte - Sintep/MT

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